terça-feira, 11 de janeiro de 2011

sobre a insustentável leveza do ser...



Ando pensando no que realmente caracterizaria nossas vidas, minha vida? os personagens de A Insustentável Leveza do Ser, de Milan Kundera, nascem e morrem sob o signo ou da leveza ou do peso e buscam constantemente a razão para suas existências num desses dois pólos da experiência, humana, buscam realizar-se através dessas duas formas de expressão de suas almas. Tereza ou Sabina? Franz ou Tomas? gostaria de saber realmente o que me motiva...o sabor efêmero de cada experiência passageira, a delícia secreta de cada traição (traição à origem, à casa, ao que se espera de nós, ao Kitsch...), enfim, a leveza de não pertencer a lugar nenhum e querer estar em todos ao mesmo tempo, ou a força das raízes, o peso do que é duradouro...a permanência? onde me realizo, na Grande Marcha da humanidade, ou na singularidade?

lendo este belo livro de Kundera, acredito que a grande arte da vida seja justamente acharmos o ponto de equilíbrio entre a leveza e o peso, entre o efêmero e o permanente, em unir tudo aquilo que ,querendo ou não, possuímos e carregamos, com o que faz e se desfaz em nossas vidas, ao sabor de um vento indefinido, do destino quem sabe? então, como tranformar o peso em leveza, e como dar consistência aos sentimentos passageiros se muitas vezes o melhor de cada experiência está em ela ser densa ou sutil...leve?. Eu ainda não sei...

confesso que prefiro a leveza...me parece mais bela e sutil...e me encanta a forma passageira das coisas. O desapego, o desnecessário.Tudo o que é duradouro me assusta, tudo o que é permamente me comprime, me esmaga como o peso de um piano. Mas com o tempo percebi que querer esquecer o peso das coisas é muitas vezes torná-las ainda mais insuportáveis, como toneladas em nossas costas...querer viver apenas da leveza tem suas desgraças, redemoinhos, vendavais e retornos ao que parece sólido e estabelecido...porém, viver apenas do peso produz angústia e falta de ar...a sensação de obrigação e dever, faz da vida um cativeiro...

Enfim, como a personagem Sabina, prefiro minha imagem refletida no espelho e o sabor de pátrias traídas...