terça-feira, 5 de abril de 2011

A arte de ser outra



No último post, falei do espanto ao nos encontrarmos com nós mesmas. Pois então, realmente é uma surpresa descobrir tantas possibilidades e tantas outras dentro de nós. Pode parecer clichê ou texto de auto-ajuda, não importa, o que interessa é a potência que essas "outras" exercem em nossas vidas e o que pedem em troca, afim de dar mais brilho e colorido às experiências que achamos estar acostumadas, à rotina.
Pois então, quem nunca experimentou ser outra? não apenas superficialmente, mas de forma íntima e intensa, pelo menos em um momento específico, em uma determinada circunstância? falar coisas diferentes, pensar por outros caminhos, ter reações que geralmente não teria, ou pelo menos, se permitir ser, sentir e dizer coisas que o seu "eu" normal não comportaria. Escolher uma entre tantas diferentes possibilidades em nós e colocar em prática, dar vida, instituir no mundo uma outra de nós, com outro comportamento. O que para algumas pessoas pode ser uma angústia, em diferentes situações pode ser libertador. 
Bom, falo do "alto" dos meus 26 anos...é, cheguei neles com uma sensação de que estava passando para a segunda metade dos meus vinte e poucos anos e que, de certa forma, já tinha adquirido uma autonomia suficiente para experimentar me ver diferente. Meu encontro fatídico se deu, não é pra menos, na frente de um grande espelho...Entro numa grande loja de departamentos, com diferentes opções de roupas, para todos os estilos (não era a Renner) e escolho, "por acaso" uma roupa que eu jamais associaria ao MEU estilo, ao estilo Raquel, aquele que várias pessoas podem olhar e identificar...então escolho, pra ver como fica...e gosto! a sensação é estranha, pois aquele novo "disfarce" coube direitinho em mim, e não só coube como ressaltou muito mais de uma Raquel que até para mim estava um pouco escondida...
E realmente é libertador e animador dar vida ao "personagem", percebendo o quão variadas podemos ser...e, todos os possíveis clichês à parte, posso afirmar que é realmente excitante ver que posso mudar ou me mostrar de outra forma sem que com isso, meu "eu" se sinta ameaçado... por muito tempo criamos uma imagem de nós e passamos anos alimentando-a, achando que ela nos dá sentido...quando tudo pode ser o contrário...e vejo isso hoje desse "alto" dos meus 26 anos!