segunda-feira, 11 de outubro de 2010

a saudade...é Brigitte Bardot



A saudade é Brigitte Bardot...acenando com a mão num filme muito antigo...

Fico pensando, qual alegoria, qual imagem temos da saudade? fico pensando na saudade...
para Zeca Baleiro ela é como a diva Brigitte Bardot, dando adeus...numa melancólica cena de filme noir... mas e para mim, como a saudade se apresenta? A saudade se apresenta complacente e doce, e me envolve...

Eu não sei bem de que saudade falo, se das coisas que já conheço e não tenho, ou daquelas que nunca cheguei a ter, mas que desejo com todas as forças de minha alma. De qualquer forma, ela se parece com uma musa sim, bela e intocável...acenando-me sempre que meu coração palpita e minha pobre alma sofre com seus excessos...

nesses momentos a saudade como Brigitte Bardot se anuncia como uma aparição, me prometendo o oásis no deserto...mas apenas sua beleza é a promessa, por que quanto mais avançamos em direção a essa nostalgia bela e envolvente, mais vamos perdendo o chão sobre nós mesmos e ficamos a vagar, a flutuar em lembranças tão perenes...em memórias ao mesmo tempo tão densas e tão efêmeras...ela é uma promessa de beleza...

porém...

a saudade é um trem de metrô, subterrâneo obscuro escuro claro, é um trem de metrô...

Ela é um trem de metro que avança quilômetros por hora alma a dentro, mexe e remexe nos nossos vazios povoados de sentimentos que nem sabemos que ali estão...tira todos pra fora, avança, avança até chegar no fundo do nosso ser, no fim desse túnel que jamais tem fim...e então 

a saudade é prego parafuso, quanto mais aperta, tanto mais difícil arrancar...

e depois de cavar até o profundo íntimo de nosso ser, com nossas lembranças faz a orgia, revira-as, traz à vida pessoas e desejos mortos, Brigitte Bardot acena com a mão em seu filme antigo, enquanto inebriados e tontos vivemos o êxtase do encontro com o passado, trazido no trem da saudade...

e ela segue...como uma colcha velha que cobriu um dia numa noite fria nosso amor em brasa...

A saudade é Brigitte Bardot acenando com a mão num filme muito antigo


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