quinta-feira, 16 de setembro de 2010

As chuvas de bençãos do casamento



Casamento é um assunto complicado. Há pouco tempo atrás ele podia ser coisa dada, fato consumado: toda mulher com mais de 25 já deveria estar casada e bem casada (isso quer dizer, um marido bonito, trabalhador, uma casa mobiliada e a expectativa quase satisfeita de um filho, que meigo!) hoje essas perspectivas já estão bem mais confusas. De qualquer forma, para muitas mulheres o casamento ainda aparece como uma miragem, um oásis no deserto da solidão, a salvação de uma vida de eterna busca, investimentos e decepções, nessa ordem. E é por isso que muitas delas (de nós) colocamos todos nossos sonhos nessa caixinha de madeira branca e com pérolas chamada casamento.

Queremos provar pra todo mundo (outras mulheres, de preferência) que tiramos a sorte grande, que podemos ir em frente e carregar o mundo nas costas, ou no colo se for melhor: podemos cuidar do ninho de amor que é nossa casa, trabalhar, ganhar dinheiro próprio, fazer um mestrado, doutorado, planejar viagens, ir ao cinema, ao shopping, ao teatro, comprar ingressos pra shows, fazer almoço, sobremesa, lavar roupas e louças, ter animal de estimação, se dar bem com os vizinhos, porteiro, o cara da água, a faxineira E estar sempre bem humorada e solícita quando alguma outra mulher começa a questionar: "E aí, quando vem o bebezinho?" Nossa! Tudo isso já não é suficiente?! Ufa! confesso que já fiquei cansada de listar todos esses encargos (ops, prazeres) do casamento e ainda tenho que ter jogo de cintura de sair pela tangente e responder: "Ah, não sei, to muito ocupada". 

É...e com uma cara tristinha, tipo, "fazer o que né?" e tudo isso com vontade realmente de responder "Não! obrigada, mas não quero ter filhos enquanto não tiver uma vida! não quero filhos chatos como os seus, não quero ser sugada, absorvida, consumida, devorada e cuspida feito bagaço!" Algumas mulheres tem uma coisa engraçada: quando encerram-se no conto de fadas do casamento, na torre de marfim, fechando-a com a chave de ouro dos filhos, parece que a própria existência de outras que preferem a liberdade a esse "amor sólido" passa a ser uma afronta e aí começam as exigências: "não vai casar?" .Bom, quando tiver a quase certeza de que não vou dormir com um príncipe e acordar com um sapo, pode ser .Enquanto isso...

Mas, enfim, a querida politesse nos exige sermos bem educadas e nada inconvenientes, mesmo que os inquéritos dos outros com relação a  nossa vida não sejam nada convenientes e agradáveis.

Bom, escrevo hoje para pensar até que ponto pode chegar o nível de exigências e cobranças que podemos nos colocar em busca do amor e da felicidade. Será o amor esse fardo que acabamos carregando por vezes, achando que auto-sacrifício gera felicidade magicamente? será mesmo? se sim, quando essa felicidade vem? na outra vida, outra encarnação?

Eu não tenho vocação pra santa, apesar de já ter tentado muito. E hoje digo, casamento pode ser bom com leveza, como qualquer outra escolha da vida, quando nos faz respirar, quando é música pra nossos ouvidos, quando nos faz acordar mais suaves e quando, mesmo com as tantas tarefas cotidianas, alivia as dores da vida. E casamento e amor são compatíveis? Bom, ainda não sei, essa fica pra próxima...

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