quarta-feira, 15 de setembro de 2010

o prazer da solidão


Sabe aqueles dias em que você acorda e sente o maior prazer de ser você e de estar com você mesma? chega a planejar tim tim por tim tim do seu dia, elegendo os pequenos deleites que terá, fazendo somente aquilo que gosta com a sua preciosa companhia?
Levantamos da cama, tomamos café, banho, colocamos aquela música especial (pode ser Goodnight moon de Shivaree pra mim hoje), escolhemos a roupa mais cuti, cuti, que melhor se encaixa nas nossas curvas, nos enebriamos com nosso próprio perfume e pensamos: hoje vou curtir minha companhia. Perfeito!
Vou passar a tarde entre as minhas palavras, divagando nas minhas músicas, preenchendo as horas com cheiros, sabores, tons que me comprazem e me alegram. Se ficamos em casa é como se ela fosse refúgio secreto, se estamoa na rua, é como se fôssemos passageiras de um trem em viagem constante, sentadas na janela, em poltrona de couro fofa e mais uma música a embalar os ouvidos. É, é essa a sensação que tenho ao estar sozinha, ou melhor comigo.

Nesses momentos paro e penso: o que faria outra pessoa aqui? por um instante é como se uma névoa enegrecida quebrasse aquela sequencia de pequenos prazeres, afrontando a harmonia da minha intimidade. Será que realmente preciso estar com alguem? será que quero estar com alguém? o que este alguém tem que ser ou fazer para adentrar nesse mundinho mágico que eu habito, onde tantas vezes parece não haver espaço pra mais ninguém?

Não sei, só sei que as vezes algumas pessoas desavisadas conseguem entrar, e acabam até ocupando um lugar precioso...elas acabam combinando com o conjunto de sonhos que já existe ali...e ali ficam até por conta própria ou por motivos de força maior (fatalidades, catástrofes naturais, tédio, sufocamento e outras coisas do gênero) elas tenham que sair. Isso me faz pensar se o amor, esse amor de entrega incondicional, de partilha, é realmente tão necessário. Talvez ele seja muitas vezes uma obsessão pela qual nos deixamos levar acreditando que quando encontrarmos nossa "alma gêmea" devemos abrir a ela todas as portas de nosso mundinho e entregar a ela nossas preciosas horas de auto-satisfação e prazer. Muitas vezes a alma nem é tão gêmea assim e o que acaba acontecendo é que quebramos o espelho de tanto tentar ver nossa imagem onde ela não está refletida.

Bom, penso no prazer de estar comigo e no prazer que algumas pessoas me dão ao estarem comigo.E continuo me perguntando, será que queremos o amor ou simplesmente alguém que entre em nosso mundo com a nossa permissão e tome as rédeas dele por nós? é difícil resistir ao encanto e a sedução de confiar a alguém nosso prazer e felicidade...mas, isso seria mesmo o amor? o que o amor faria ao entrar em nossa casa? o que queremos que ele faça?

Nós mulheres somos criadas para querermos um síndico,não um hóspede querido em nossas casas, por isso muitas vezes entregamos nossas chaves àqueles que aparecem prometendo não mexer em nada e quando menos esperamos já fizeram a faxina completa, jogando fora nossos sonhos e desejos mais íntimos. Por que? Por que achamos que nos entregando estaremos mais felizes? por que queremos doar tudo? altruísmo? Queremos nos livrar de nós mesmas?

Infelizmente acho que sim...

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